Ogum se torna Senhor da Forja e do Ferro (José Benistes)
Os vários Orixás reunidos estavam procurando uma forma de tornar algum pedaço do mundo habitável e para tanto precisavam de ferramentas apropriadas. Vários deles saíram com seus apetrechos e ferramentas feitos dos materiais que encontraram na natureza e depois de muito lutarem para executar as tarefas retornaram desolados por ter sido estas infrutíferas.
Reclamaram muito das qualidades dos materiais empregados como as facas e outras ferramentas feitas de madeira e então se levanta Ogun que estivera acomodado em um canto e que não participou do referido evento e disse que poderiam deixar estas tarefas com ele, que deixaria do jeito que precisaria ser. E assim dizendo saiu para o lugar determinado e com suas ferramentas deixou os campos arados, as árvores cortadas, caminhos transitáveis, e os demais ao verem as tarefas tão bem executadas e o material empregado nas ferramentas perguntaram onde conseguira aquela matéria. Ao qual ele respondera que fora Olódùmarè que lhe fornecera o segredo para a confecção do metal sob o juramento de não contar a ninguém. Todos queriam saber como fazer diante desta relutância de Ogun não contar o segredo, ao qual ele respondera que faria de bom grado tudo de que precisassem: facas, enxadas, armas, lanças, escudos, facões e tudo de que precisassem.
Os Orixás mesmo tendo as confecções de ferramentas para o desenvolvimento insistiram para que Ogun lhes ensinasse o segredo do ferro e se assim fosse lhes dariam o título de: “Osìnmalè”. Ele aceitou e continuou a sua vida de grande caçador enfurnado na mata e voltava com grandes caças e todo sujo de terra e mato. Como não era reconhecido de tanta sujeira os outros lhe negaram o título dado alegando que não ficaria bem para um chefe andar todo sujo de terra, ao qual Ogun contestou dizendo que quando eles precisaram do segredo o elegeram um grande chefe e agora que detinham o segredo o destituíram por nada. Assim dito foi ao rio se lavou e vestiu roupas feitas da palma desfiada e que se chama màrìwò e se mudou com suas armas para a cidade de Ìré onde construiu uma casa feita em baixo de uma árvore chamada de Akòko vivendo solteiro, mas fiel aos seus princípios na defesa das terras de Ilé Ifé.
“Mitos Yorubás - O Outro lado do
Conhecimento” - José Beniste página 130 (NA).
Tipos de Ogum (José Benistes)
[...} são interessantes os relatos de conquista de seus títulos (trechos extraídos do livro):
Ogun vivia em um castelo no fundo do mar com a sua mãe Yemoja e cansando da vida que ele levava resolveu se aventurar pelo mundo e se embrenhou pela floresta. Viu que muitos animais faziam parte do mundo habitado na floresta e ao sentir fome fez uma lança de madeira e caçou um animal e por este ato de caça recebeu o título de Ògún Olóde, e assim ensinou o seu irmão Òsóòsí.
Mais a frente pelos caminhos na mata, ele tropeça em uma pedra que era um minério de ferro e com ela fez um espada em sua forja, ao perceber a consistência do material ele fez outras ferramentas de utilidade na lavoura para ajudar o homem no campo. A este minério ele deu o nome de Irin que significa ferro e por isto ele recebeu o título de Bàbá Irin.
Eis que na região eclode uma guerra e todos os Orixás lhe pedem ajuda e ele vai à frente da batalha e derrota seus inimigos com sua espada e sacia sua sede com o sangue dos adversários e por isto ele recebe o título de Ògún Aiaká Gbamu Èjè que significa: aquele que recebe o sangue.
Vitorioso, ele recebe outra tarefa que é a de retomar ou tomar (?) a cidade de Ìré, mas para isto ele terá que destruir as sete cidades do entorno que a defendiam, que o faz ser chamado de Ògún Méjèèjè e ao entrar vitorioso na cidade o título de: Ògún Oníré.
Ele retorna a sua cidade de origem e passa a fazer mais armas e ferramentas deixando a sua forja sempre acesa e ao forjar ferramentas e armas com o seu grosso avental de couro o povo canta assim:
Ògún Àgbède Kóyá Kóyá Você saia rapidamente
Ògún Àgbède Kóyá Kóyá Você saia rapidamente
Njó njó ara là‟ Para não ser queimado
Ògún Àgbède Kóyá Kóyá Você saia rapidamente
O conhecimento do fogo na arte
de forjar os metais é traduzido pelo que ele diz: Orò mi‟ ná(n), que quer
dizer: Meu ritual é o fogo.
Quando Ògún ficou muito
requisitado pelo serviço de forjar metais colocou Exu como seu ajudante e
sabendo que ele criava sempre problemas acorrentou-o ás próprias pernas. Assim
quando precisava estar a dois lugares ao mesmo tempo enviava Exu á um dos lugares
e o chamava rapidamente de volta ao bater palmas, o povo pensando que Ògún
estava em dois lugares ao mesmo tempo denominou-o de Ògún Aláméjì.
Ao chegar a determinado lugarejo
cães furiosos avançaram sobre Ògún que saiu em disparada para evitá-los, mas á
determinado momento da perseguição vendo que os cães não desistiam em sua
perseguição ele passou a dilacerar os mesmos com os dentes e passou a ser
chamado pelo povo de: Ògúnjá, uma forma reduzida de: Ògún je aja, que
significa: Ògún come cachorro.
Ògún ao passar pelas terras de
Èfòn viu uma formosa mulher ao lado de um rio e ao se informar de quem se
tratava lhe responderam que era Òxun e assim passou a viver ao seu lado e
ajudou a criar o seu filho Lògun Ède, o metal forjado agora era de cor amarelo e
tudo que ele faz ganha esta cor e por causa desta convivência ele passa a ser
denominado de: Ògún Wari.
Outras denominações fazem parte
das várias multiplicidades de Ògún e assim temos: Ògún Òkè para o período em
que ele vivia no alto da montanha e quando descia para as suas conquistas:
Ojóti Ògún nti orí òkè bò, aso iná(n) l‟o um bo ara èwù èjè l‟o wò que
significa: No dia em que Ògún estava descendo a montanha, ele vinha vestido de
fogo e usava um traje de sangue.
Como Aláda Méjì em que é dono de
duas espadas em que representa o conhecimento profundo da metalurgia e as
diferentes empregabilidades de suas ferramentas e a expressão traduz o sentido:
Ògún aláda méjì o nfi òkan sá‟ko, o nfi òkan yè ònà, e que significa: Ògún, o
dono de duas espadas, com uma ele prepara a fazenda, com a outra ele desimpede
a estrada.
Irin, sendo esta a denominação do ferro ao
qual é o metal com que fez as ferramentas no mundo recém-criado por Obàtálá e
foi por este motivo que veio a frente dos demais Orixás.
Ìkolà é como artista que Ògún da
o toque final na criação de Òsàlá do ser humano ao qual participa da
circuncisão, Ìbúra, sob este título de Ògún é que as pessoas fazem os
juramentos e promessas nas cortes de justiça ao qual beijam uma peça de ferro,
geralmente um facão.
”Mitos Yorubás- O Outro Lado do Conhecimento” - José Beniste -
capítulo: “Os Títulos de Ògún e Notas, páginas de 271 a 275 (NA)”.
Ogum se torna Senhor da Forja e do Ferro
Na Terra criada por Obatalá, em Ifé, os orixás e os seres
humanos trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caçavam e plantavam usando
frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole. Por isso o
trabalho exigia grande esforço. Com o aumento da população de Ifé, a comida
andava escassa. Era necessário plantar uma área maior.
Os orixás então se reuniram para decidir como fariam para
remover as árvores do terreno e aumentar a área de lavoura. Ossain, o orixá da
medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno. Mas seu facão era de
metal mole e ele não foi bem-sucedido. Do mesmo modo que Ossain, todos os
outros Orixás tentaram, um por um, e fracassaram na tarefa de limpar o terreno
para o plantio. Ogun, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até
então. Quando todos os outros Orixás tinham fracassado, Ogun pegou seu facão,
de ferro, foi até a mata e limpou o terreno. Os Orixás, admirados, perguntaram
a Ogun de que material era feito tão resistente facão. Ogun respondeu que era o
ferro, um segredo recebido de Orunmilá. Os Orixás invejaram Ogun pelos
benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, como à caça e até mesmo à
guerra.
Por muito tempo os Orixás importunaram Ogun para saber do
segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si. Os Orixás decidiram
então oferecer-lhe o reinado em troca do que ele lhes ensinasse tudo sobre
aquele metal tão resistente. Ogun aceitou a proposta. Os humanos também vieram
a Ogun pedir-lhe o conhecimento do ferro. E Ogun lhes deu o conhecimento da
forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram sua lança de
ferro. Mas, apesar de Ogun ter aceitado o comendo dos Orixás, antes de mais
nada ele era um caçador. Certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias
fora numa difícil temporada. Quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho.
Os Orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado. Eles o desprezaram e
decidiram destituí-lo do reinado. Ogun se decepcionou com os Orixás, pois,
quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora
dizem que não era digno de governá-los. Então Ogun banhou-se, vestiu-se com
folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu. Num lugar distante
chamado Irê, construiu uma casa embaixo da arvore de acoco e lá permaneceu. Os
humanos que receberam de Ogun o segredo do ferro não o esqueceram. Todo mês de
dezembro, celebravam a festa de Uidê Ogun. Caçadores, guerreiros, ferreiros e
muitos outros fazem sacrifícios em memória de Ogun. Ogun é o senhor do ferro para sempre.
Ogum Xoroquê
A Lenda de Ogum Xoroquê também cultuado em casas de
Candomblé conta que uma vez ao voltar de uma caçada não encontrou vinho de
palma (ele devia estar com muita sede), e zangou-se de tal maneira que irado
subiu a um monte ou montanha e Xoroquê (gritou Ferozmente ou cortou cruelmente
do alto da montanha ou monte), cobrindo-se de sangue e fogo e vestiu-se somente
com o mariwo, esse Ogum furioso chamado agora de Xoroquê, foi para longe para
outros reinos, para as terras dos Ibos, para o Daomé, ate para o lado dos
Ashantis, sempre furioso, Guerreando, lutando, invadindo e conquistando.
Com um comportamento raivoso que muitos chegaram a pensar
tratar-se de Exú zangado por não ter recebido suas oferendas ou que ele tivesse
se transformado num Exu (talvez seja por isso que chegue a ser tratado como
sendo metade exu por muitos do candomblé). Antes que ele chegasse a Ire, um
Oluwo que vivia lá recomendou aos habitantes que oferecessem a Xoroquê, um Aja
(cachorro), Exu (inhame), e muito vinho de palma, também recomendou que, com o
corpo prostrado ao chão, em sinal de respeito recitassem o seus orikis, e
tocadores tocassem em seu louvor.
Sendo assim todos fizeram o que lhes havia sido
recomendado só que o Rei não seguiu os conselhos, e quando Xoroquê chegou foi
logo matando o Rei, e antes que ele matasse a população Eles fizeram o recomendado
e acalmaram Xoroquê, que se acalmou e se proclamou Rei de Ire sendo assim toda
vez que Xoroquê se zanga ele sai para o mundo para guerrear e descontar sua ira
chegando ate a ser considerado um Exu e quando retorna a Ire volta a sua
característica de Ogum guerreiro e vitorioso Rei de Ire.
Ogum descobre o ferro
“Ogum e seus amigos Alaka e Ajero foram consultar Ifa.
Queriam saber uma forma de se tornarem reis de suas aldeias. Apos a consulta
foram instruídos a fazer EBO, e a OGUM foi pedido um cachorro como oferenda.
Tempos depois, os amigos de Ogum tornaram-se reis de suas
aldeias, a situação de Ogum permanecia a mesma, preocupado, Ogum foi novamente
consultar IFA. O Adivinho recomendou que refizesse o Ebo.
Ele deveria sacrificar um cão sobre sua cabeça e espalhar
o sangue sobre seu corpo. A carne ele deveria cozinhar e ser consumida por todo
seu EGBE, depois deveria esperar a próxima chuva e procurar um local onde
houvesse ocorrido uma EROSÃO. ALI DEVERIA APANHAR AREIA NEGRA E FINA E COLOCA-
LA NO FOGO PARA QUEIMAR.
Ansioso pelo sucesso, Ogum fez o Ebo e, para sua surpresa,
AO QUEIMAR AQUELA AREIA , ELA SE TRANSFORMOU NA QUENTE MASSA QUE SE SOLIDIFICOU
EM FERRO... o ferro era a mais dura substancia que ele conhecia, mas era tao
MALEAVEL enquanto estava quente.
OGUM começou a modelar a massa quente, Ogum FORJOU
primeiro uma TENAZ, um ALICATE, para retirar do fogo. Ogum então forjou uma
FACA, FACÃO. Satisfeito Ogum passou a produzir toda especie de objetos de
ferro, assim como passou a ensinar seu manuseio. Veio fartura e abundancia a
todos.
Dali em diante OGUM ALAGBEDE, O FERREIRO, mudou.Muito
prospero e passou a ser saudado como aquele que transforma a TERRA EM DINHEIRO.
AXE BABA...”
Ogum trai o pai e deita-se com a mãe
Obatala tinha em casa um galo branco e o galo lhe servia
de guardiao. Quando Obatala de casa se ausentava, se algum fato incomum
acontecesse, o galo o avisava e ele retornava. De volta a casa tudo o que
ocorria o galo lhe contava.
Um dia Obatala se ausentou e seu filho Ogum aproveitou -
se da ausencia do pai e deitou- se com sua.mae Iemu. De onde estava, Obatala
escutou a cantar do galo:
- OGUNDADIE! OGUNDADIE!
A casa de Obatala tinha uma unica entrada. Ao chegar,
encontrou a porta trancada e o galo aos gritos. Iemu percebeu o motivo do
alvoroco do galo e pediu a Ogum que saisse correndo. Obatala entrou em casa e
sentiu cada movimento, leu nos olhos de Iemu algo que o fez desconfiar. Nesse
mesmo dia pediu a mulher que fizesse provisoes, pois faria uma viagem muito
longa. Pela madrugada OBATALA saiu em caminhada, mas se escondeu na mata mais
proxima. Ogum e Iemu, satisfeitos com ausencia do velho, novamente se
relacionaram. Obatala esperou um pouco e escutou o galo gritar:
- OGUNDADIE! OGUNDADIE!
Obatala tomou o rumo de casa e bateu na porta. Ogum ouviu
a insistente batida e pos -se a esbravejar. Iemu pediu que atendesse a porta. Para
seu espanto, Ogum viu seu pai diante de si, e sem explicacoes, atirou-se ao
chao pedindo perdao, dizendo:
- "PERDOA ME PAI, CASTIGA ME DE DIA E DE NOITE"
Obatala ouviu seu filho. O proprio filho havia decretando
sua pena: ENQUANTO O MUNDO FOSSE MUNDO, OGUM NAO DESCANSARIA DE DIA NEM DE
NOITE. AS ESTRADAS SERIAM SUA MORADA, PARA SEMPRE ANDARIA POR ELAS, AJUDANDO OS
VIAGEIROS QUE SE PERDEM NOS CAMINHOS E DELES DANDO OFERENDAS PARA SOBREVIVER.
A Ira de Ogun
Diz-nos a
lenda, que uma de suas expedições conquistou a cidade de Ire, matando-lhe o Rei
colocou em seu lugar seu filho mais novo com o nome de Oniré, daí partindo para
novas batalhas e novas conquistas, retornando mais tarde para a cidade da ilha
de Ifé, de onde tinha originariamente partido.
Alguns anos
depois cansado das inúmeras conquistas que fizera, retornou a cidade de Ire,
onde reinava seu filho Oniré. Aconteceu quem à sua chegada, estava sendo
cumprida uma cerimônia durante a qual nenhum dos adeptos poderia dirigir a
palavra a quem quer que fosse.
Ogum tinha fome
e sede, vendo muitos jarros cheios de vinho de palmas e ignorando que estavam
preparados para a cerimônia que se processava, já que assistente algum lhe
dirigiu a palavra, se encheu de cólera devido ao que ele julgou desatenção do
povo, e a violentos golpes quebrou as jarras que se supunham estarem cheias,
mais em verdade, nada encontrou nelas. Mais indignado ainda, com tal frustração
que encontrava no caminho, até que seu filho Oniré apareceu e lhe ofereceu
alimentos do seu agrado, figurando entre os alimentos de sua predileção,
caracóis, acompanhados de fartas porções de vinho das palmas. Enquanto Ogum
saciava sua fome, o povo de Ire cantava-lhe louvores exaltando seus feitos
guerreiros.
Ogum depois de
saciar sua fome e sede já acalmado com as homenagens que lhe prestavam,
refreando sua cólera, declarou: “Quaisquer que sejam as barreiras e o valor de
um homem, é preciso que um dia, encontrar um canto onde possa repousar. Eu fiz
prova até aqui de ter bastante coragem”. Abaixou seu sabre no solo e jurou à
terra, todavia, antes de desaparecer, ele disse algumas palavras que não podem ser repetidas,
pois logo Ogum aparece rapidamente e vem em socorro daqueles que
verdadeiramente estão em dificuldades.
Ogum livra um pobre homem de seus exploradores
Um pobre homem peregrinava por toda parte, trabalhando ora
numa, ora noutra plantação. Mas os donos da terra sempre o despediam e se
apoderavam de tudo que ele construía.
Um dia esse homem procurou um babalaô, que mandou fazer um
ebó na mata. Ele juntou o material e foi fazer o despacho, mas acabou fazendo
tal barulho que Ogum, o dono da mata, foi ver o que ocorria. O homem, então,
deu-se conta da presença de Ogum e caiu a seus pés, implorando seu perdão por
invadir a mata.
Ofereceu-lhe todas as coisas boas que ali estavam. Ogum
aceitou, satisfez-se com o ebó, depois conversou com o peregrino, que lhe
contou por que estava naquele lugar proibido.
Falou de todos os seus infortúnios, e Ogum mandou que ele
desfiasse folhas de dendezeiro, o mariô, e as colocasse nas portas das casas de
amigos, marcando assim cada casa a ser respeitada, pois naquela noite Ogum
destruiria a cidade de onde vinha o peregrino. Seria tudo destruído até o chão.
E assim o fez. Ogum destruiu tudo, menos as casas protegidas por mariô.
Ogum reconquista o amor de Oxum
“Ogum passeava com sua esposa Oxum, quando principiaram a descutir. A
briga terminou com Ogum jogando Oxum no rio.
Xango salvou Oxum das aguas e a levou para seu palacio. Um dia Ogum foi
visitar Xango e reencontrou Oxum. Oxum continuava muito bela. Ogum arrependeu
se do que havia feito.Tentado, Ogum mandou de presente a Xango um carneiro bem
gordo. Ogum queria de volta sua bela Oxum.
Xango, muito debochado, deu.em retribuicao a Ogum um cachorro magro.
Ogum nao desistiu com a piada do irmao. Xango era um grande comilao, quando
comia, da vida se esquecia. Mandou a Xango um enorme cesto de quiabos.
Xango era louco por quiabos, quando os comia da vida se esquecia. Ogum
foi ao palacio de Xango visita lo. Enquanto Xango se deleitava com o amalá,
preparado com os quiabos de Ogum, Ogum reconquistou Oxum e a levou de volta em
sua companhia. Ela vai com ele a toda parte, morando nas estradas, fazendo a
guerra. Oxum Apara esta sempre com Ogum.
Ogum livra Oxum da fome imposta por Xango
“Oxum, que vivia com Xango, sentia muita fome, porque na casa de Xango
so comia galo com quiabo. Xango dava-lhe de tudo: uma casa linda, roupas das
mais belas e muito ouro, so que na hora de comer ele dizia:
- “Ela tem que comer minha comida".
Assim, Oxum vivia passando fome, pq ela nao comia quiabo, que nao era comida sua.
Um dia, quando Xango estava longe de casa, Oxum sentou se na varanda. Apesar de estar muitissimo linda, nem todo seu charme e elegancia podiam esconder o semblante triste e choroso. Sentia fome terrivel.
Ogum entao, passou a cavalo, viu Oxum e disse:
- "Oh, rainha Oxum bela como es, pq choras?"
Ela respondeu:
- "Aqui tenho conforto e luxo, mas não tenho as minhas comidas. Estou
morrendo de fome"
Ogum entao disse:
- "Se não morreste ate agora, minha cara, ja não vais morrer. Toma
estas cinco galinhas para ti"
Oxum pegou as galinhas, correu para dentro e as cozinhou e comeu. Quando Xango voltou para casa, encontrou sua mulher satisfeita e feliz. Ciumento, teve certeza de que a felicidade de Oxum era responsabilidade de Ogum. Pegou seu machado e partiu para brigar com Ogum.
Quando passava por uma ponte na parte mais larga do rio encontrou Ogum. Foi logo comecando uma luta, Ogum, porem com seu senso de responsabilidade, disse que nao queria briga e explicou as razoes porquê tinha dado comida a Oxum.
Que Oxum era uma rainha e que assim sendo nao deveria receber casa e presentes finos e ao mesmo tempo morrer de fome, que Oxum precisava da comida que gostava. Xango porém, disse que tratava sua mulher da forma que bem entendesse e que ela continuaria a ter roupas finas, joias e quiabos.
Ogum nao concordou, mas evitou brigar, Xango porem atirou seu OXE em Ogum. Ogum se protegeu e mais uma vez tentou explicar.Nao tivera más intenções ao oferecer as galinhas a Oxum. Jamais magoaria Iemanja, a mae de ambos, entrando numa guerra com Xango, o filho predileto da rainha, mas Xango atacou Ogum de novo e Ogum, não podendo mais evitar o combate lançou a espada sobre Xango.
A luta entre os irmaos foi demorada. Da estrada a briga passou para cima da ponte e da ponte para quase dentro do rio. Xango rendeu se temendo cair dentro da agua, pois a agua apaga o fogo Xango.”
Oxum dança para Ogum na floresta e o traz de volta à forja
“Perante Obatalá, Ogum havia condenado a si mesmo a trabalhar duro na
forja para sempre, mas ele estava cansado da cidade e da sua profissão. Queria
voltar a viver na floresta, voltar a ser o livre caçador que fora antes. Ogum
achava-se muito poderoso, sentia que nenhum orixá poderia obrigá-lo a fazer
oque não quisesse. Ogum estava cansado do trabalho de ferreiro e partiu para a
floresta, abandonando tudo.
Logo que os orixás souberam da fuga de Ogum, foram ao seu encalço para convencê-lo a voltar a cidade e à forja, pois ninguém podia ficar sem os artigos de ferro de Ogum, as armas, os utensílios, as ferramentas agrícolas. Mas Ogum não ouvia ninguém, queria ficar no mato. Simplesmente os enxotava da floresta com violência. Todos foram lá, menos Xangô. E como estava previsto, sem os ferros de Ogum, o mundo começou a ir mal. Sem os instrumentos para plantar, as colheitas escasseavam e a humanidade já passava fome.
Foi quando uma bela e frágil jovem veio à assembléia dos orixás e ofereceu-se a convencer Ogum a voltar à forja. Era Oxum a bela e jovem voluntária. Os outros orixás escarnearam dela, tão jovem, tão bela, tão frágil. Ela seria escorraçada por Ogum e até temiam por ela, pois Ogum era violento, poderia machucá-la, até matá-la. Mas Oxum insistiu, disse que tinha poderes de que os demais nem suspeitavam. Oxalá, que tudo escuta mudo, levantou a mão e impôs o silêncio. Oxum o convencera, ela podia ir a floresta e tentar.
Assim, Oxum entrou no mato e se aproximou do sítio onde Ogum costumava acampar. Usava ela tão-somente cinco lenços transparentes presos à cintura em laços, como esvoaçante saia. Os cabelos soltos, os pés descalços, Oxum dançava como o vento e seu corpo desprendia um perfume arrebatador. Ogum foi imediatamente atraído, irremediavelmente conquistado pela visão maravilhosa, mas se manteve distante. Ficou a espreita atrás dos arbustos, absorto. De lá admirava Oxum embevecido. Oxum o via, mas fazia de conta que não O tempo todo ela dançava e se aproximava dele, mas fingia sempre que não dera por sua presença.
A dança e o vento faziam flutuar os cinco lenços na cintura, deixando ver por segundos a carne irresistível de Oxum. Ela dançava, o enlouquecia. Dele se aproximava e com seus dedos sedutores lambuzava de mel nos lábios de Ogum.
Ele estava como que em transe. E ela o atraía para si e ia caminhando pela mata, sutilmente tomando a direção da cidade.Mais dança, mais mel, mais sedução, Ogum não se dava conta do estratagema da dançarina. Ela ia na frente, ele acompanhava inebriado, louco de tesão. Quando Ogum se deu conta, eis que se encontravam ambos na praça da cidade.
Os orixás todos estavam lá e aclamavam o casal em sua dança de amor. Ogum estava na cidade, Ogum voltara! Temendo ser tomado com fraco, enganado pela sedução de uma mulher bonita, Ogum deu a entender que voltara por gosto e vontade própria. E nunca mais abandonaria a cidade. E nunca mais abandonaria sua forja. E os orixás aplaudiam e aplaudiam a dança de Oxum.
Ogum voltou à forja e os homens voltaram a usar seus utensílios e houve plantações e colheitas e a fartura baniu a fome espantou a morte.
Oxum salvara a humanidade com sua dança do amor.
(Retirado do livro MITOLOGIA
DOS ORIXÁS de Reginaldo Prandi)”
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